quinta-feira, 8 de julho de 2010

A forma das coisas



No começo...

Cores, formas, coisas que encantam desde criança. E tente achar uma criança sequer que não goste de brinquedos de cores vívidas, que chamam a atenção, de formas que captam os olhos grandes; e quando a criança cresce fica tudo aparentemente mais refinado e complexo, não aceitam mais grandes blocos de plástico de montar, a não ser que esse bloco tenha navegação por satélite e ande por aí com rodas, então novamente enchem os olhos quando revisitam na memória o deus bloco de plástico (mas talvez agora seja mais brilhante e de metal)!



Atenção: O resto do artigo pode ferir sentimentos de posse!



As coisas como elas são

Um apoiador de panela, um bicho de pelúcia, um carro, um tapete, uma casa...

O que tudo isso tem em comum?

São coisas construídas, cada uma tem um tipo de material, umas são feitas de pano, outras de espuma, outras de concreto... E esses materiais também são feitos de outras coisas! O concreto é areia, água, cal... a espuma é uma reação química líquida espumante que expande e fica sólida... e o pano é feito de algum tipo de tecido, que pode vir de um vegetal, de um animal ou até de um inseto!

Mas o que é que tudo isso tem em comum??

Aqueles objetos não seriam produzidos se não houvesse alguém pensando neles, muitos deles não existiriam naturalmente, ou seriam muito mais precários e menos atrativos.

Então as pessoas brincam com as formas para que fiquem cada vez mais agradáveis, e isso é previsível... porém as coisas anteriores pareceriam menos agradáveis (e talvez seriam) conforme são ultrapassadas em tipo e processos, visto os telefones de poucos anos atrás que repentinamente se tornaram dinossauros.

Pode perceber que tudo que tem uma evolução técnica muito crescente e rápida, e de giro de caixa rápido, envelhece rápido.

Então imagine só o que estiver mais avançado agora... como se já estivesse velho! É realmente necessário e saudável atualizar as coisas comprando novas se elas ainda funcionam bem ou não têm sua funcionalidade tão afetada?

Exemplo: Pessoas trabalham anos a fio para ter um automóvel, e depois mais anos a fio para mantê-lo. Depois de alguns anos tentam juntar mais capital para trocar de automóvel e recomeçar. Não sei se algum objeto pode teoricamente escravizar uma pessoa, mas, se observarmos bem no olhar empírico, muitos objetos como telefones inocentemente o fazem e até são deificados pelo seu fiel escravo... digo, dono/proprietário!



As formas

Tudo que é conhecido ganha forma e se torna visto como bonito ou feio, fantástico ou ridículo, exagerado ou básico de acordo com a quantidade de material e do jeito que é colocado no espaço (no primeiro momento).

Porém aparece a percepção pessoal, uma pessoa acha exagerado, outra exageraria mais.

Então, na realidade inventada (que é a visão daquilo que é criado) o artesão que quer ser bem visto e bem remunerado busca uma arte mediana e busca ser popular, mas será isso bom?

Algumas empresas apelam para a tradição de suas marcas para burlar o bom senso da população, afinal, a população é em grande parte apenas usuária e não conhece a qualidade das coisas e se identificam tanto com acertos como com erros, ou com uma média aceitável dos dois.

E como alguém pode acertar muito se gosta de errar? É uma condenação.



Um pouco além na arte

Quando se aprende algo com um artesão e é um novato, muitas vezes será chamada a atenção para a execução, no caso uma reprodução ou réplica de um trabalho bem feito, como todos normalmente começam quando estudam seriamente alguma forma de arte.

Isso tem um fundamento, pois é mais fácil de perceber os erros quando se tem algo para comparar gradualmente, sendo que a manufatura de um original seria um pouco inqualificável em termos artísticos, ou teria uma crítica de valor duvidoso da parte do tutor.

Porém muitas vezes o "defeito" causado na arte é um reflexo da pessoa naquele momento, então uma correção temporária apenas na forma ajudaria a corrigir o estado emocional ou psicológico da pessoa, ou até falta de habilidade motora na próxima obra?

Concordo que é necessária uma guiança básica quanto aos processos artísticos no começo, mas a originalidade depois de certo ponto pode acabar sendo sufocada pela padronização do resultado exigido (sendo que cada pessoa é uma caixa de recursos), então seria proveitoso extrair o máximo de bons elementos da caixa e depois trabalhar os outros, ao invés de apenas tentar enchê-la de técnicas estabelecidas.


De ars abstracta

Todo júbilo e toda tristeza no mundo dependem da qualidade da idéia e da conseqüência do fenômeno de uma idéia original.

Nenhum comentário:

Postar um comentário